sexta-feira, 18 de julho de 2014

Morre o último exemplar de ararinha-azul que um dia viveu em liberdade.



É com pesar que informamos o falecimento de uma das últimas ararinhas-azuis que tiveram a sorte de viver uma parte da vida na natureza. Presley, o macho de ararinha-azul (Cyanopsitta spixii) mais velha do mundo tinha 40 anos de idade e era considerado por biólogos e ativistas o exemplo vivo do desastre ambiental perpetuado pelo tráfico de animais silvestres.


Retirado de seu habitat natural, Presley foi vendido como animal de estimação nos Estados Unidos, até virar alvo de iniciativas oficiais de conservação, que conseguiram trazê-lo de volta ao Brasil (mas não à natureza) 15 anos depois. 

Nosso amigo (que ajudou a inspirar o diretor do filme "Rio") viveu por quase 10 anos na Fundação Lymington (centro de conservação localizado no interior de São Paulo), onde foram feitas várias tentativas de reprodução em cativeiro, todas sem sucesso. Em março deste ano, especialistas da Universidade de Giessen, da Alemanha, chegaram a colher o sêmen de Presley por eletroejaculação. Porém, devido aos problemas cardíacos e idade avançada da ave, os espermatozóides tinham problemas morfológicos e de mobilidade.

Presley viveu na Fundação até ser internado no Hospital Veterinário da UNESP de Botucatu, em 20 de junho, ele já não se mais alimentava sozinho. Lá, sob cuidados veterinários, morreu no dia 25.

De acordo com a assessoria do Instituto Chico Mendes, a necropsia de Presley foi realizada no Laboratório de Patologia Comparada de Animais Selvagens (LAPCOM), da Universidade de São Paulo, e as células germinativas da ave foram preservadas (conservação de germoplasma) para serem transplantadas em outro macho, que passaria assim a produzir o esperma de Presley. Essa técnica já foi realizada em outros grupos de aves e é vista como última tentativa para incorporar o material genético de Presley no grupo das ararinhas-azuis hoje em cativeiro.

"Ele era um dos últimos indivíduos do ambiente natural. Como essa espécie é extinta na natureza, existem poucas matrizes para reprodução. Ele é muito valioso para ampliar a diversidade genética e evitar os cruzamentos entre aparentados", explica Patrícia Serafini, analista ambiental do Centro Nacional de Pesquisas e Conservação das Aves Silvestres (Cemave/ICMBio).

O ICMBio tem um plano para reintroduzir a espécie de volta no seu habitat. Infelizmente, hoje em dia a ararinha-azul está extinta da natureza e só é encontrada em cativeiro.

Para nós da ISF Brazil in Action essa notícia é particularmente triste, visto que temos a ararinha-azul como símbolo da nossa luta de preservação da natureza. Que um dia todos os animais possam voltar ao seu habitat natural sem medo de serem caçados e extintos, que nossas florestas sejam preservadas e nossa vida tenha realmente valor.

"Quem me dera ao menos uma vez acreditar que o mundo é perfeito e todas as pessoas são felizes, mas nos deram espelhos e vimos um mundo doente..." (Renato Russo)

Fonte: O Eco e Globo Natureza.

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