terça-feira, 19 de novembro de 2013

Amazônia pode perder 70% de sua área até o fim do século.


A Floresta Amazônica poderá sofrer uma redução de 70% da extensão da sua área ao fim do século, se houver um aumento da estação seca. A projeção consta do relatório completo do Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas (IPCC, na sigla em inglês), que foi divulgado na segunda-feira, 30 de setembro, na sequência do sumário para formuladores de políticas.


O material, com mais de mil páginas, traz com mais detalhes as bases físicas da ciência do clima e uma abordagem regional com projeções sobre como cada parte do planeta poderá ser afetada no futuro. O relatório lembra que no clima atual o crescimento intenso da floresta ocorre justamente durante a estação seca, quando a insolação é maior e há bastante água do período chuvoso armazenada nos aquíferos subterrâneos.

Há muitas incertezas ainda sobre como a mudança climática vai afetar a seca na região, mas simulações que consideram um cenário de aumento do período sem chuva observam essa redução dramática na vegetação.

O painel de cientistas alerta que o cenário poderá ficar ainda pior diante de um quadro de aumento do desmatamento, que tende a prolongar a estação seca.

"Condições assim aumentam a probabilidade de incêndios naturais que, combinados com queimadas provocadas por atividades humanas, pode minar a resiliência da florestas às mudanças climáticas", escrevem os autores.

O relatório afirma que é muito provável, com mais de 90% de chance, que a temperatura suba em toda a América do Sul, com o maior aquecimento projetado para o Sul da Amazônia. A projeção é de um aumento da temperatura média de 0,5°C (centro-sul) a 1,5°C (Norte, Nordeste e Centro-Oeste) no país até o fim do século no cenário mais otimista; e de 3°C (sul e litoral do Nordeste) a 7°C (Amazônia) no pior cenário.


quarta-feira, 6 de novembro de 2013

Nível de gases do Efeito Estufa na Atmosfera bate recorde.


O ano de 2012 foi marcado por um novo aumento da concentração de gases de efeito estufa na atmosfera, que provocam o aquecimento global, uma situação que não deve melhorar em 2013, segundo especialistas da Organização Meteorológica Mundial (OMM), uma agência da ONU.

"A notícia não é boa", declarou Michel Jarraud, secretário-geral da OMM, ao apresentar nesta quarta-feira à imprensa o último boletim da organização sobre as emissões de gases do efeito estufa para o ano de 2012.


Os três principais gases de efeito estufa, responsáveis pelo aquecimento global, registraram novos recordes de concentração na atmosfera em 2012 em todo o mundo.

Os últimos estudos mostram que a concentração de CO2, o gás mais abundante na atmosfera, aumentou em 0,56% entre 2011 e 2012.

Para o metano, outro gás do efeito estufa estudado pela OMM, o aumento foi de 0,33%, e para o óxido nitroso (N20), o aumento foi de 0,28%.

De acordo com Jarraud, "a situação tende a piorar em 2013, já que nenhuma decisão foi tomada para acabar com essa tendência... Esta não é uma curva linear, ela continua em ascensão acelerada".

Segundo ele, se o mundo continuar nesse caminho, "a temperatura média global até o final do século poderia exceder 4,6 graus do que era antes da era industrial (em 1750), e ainda mais em algumas regiões, as consequências seriam catastróficas".

O CO2, ou dióxido de carbono, é a principal causa do aquecimento global. Sua concentração na atmosfera aumentou  2,2 ppm (partes por milhão) em 2012, enquanto o aumento de 2011 foi de 2,0 ppm. O aumento médio nos últimos 10 anos foi de 2,02 ppm e, em 2012, os números mostram uma "tendência de aceleração".



O CO2 provém da queima de combustíveis fósseis e do desmatamento.


"Este é um gás que permanece na atmosfera por centenas ou mesmo milhares de anos", revela a OMM, acrescentando que "a maioria dos aspectos das mudanças climáticas persistirá durante séculos mesmo que as emissões de CO2 parem completamente".

A OMM também observou um aumento na concentração de metano (CH4) a partir de 2007, quando tinha estabilizado "para um valor próximo de zero" entre 1996 e 2006.

A organização não tem explicações para esse aumento, registrado principalmente no hemisfério norte, nas latitudes médias e tropicais. "É difícil dizer se este aumento é devido a fatores humanos ou naturais", indicou um especialista da OMM.

Cerca de 60% das emissões de metano na atmosfera é de origem humana. Elas são causadas pela pecuária, o cultivo de arroz, aterros e queima de biomassa.

Finalmente, o terceiro gá responsável pelo efeito estufa, o óxido nitroso (N2O), é encontrado principalmente nos pesticidas. Para este gás, a taxa de aumento entre 2011 e 2012 (0,9 ppb) foi superior a média dos últimos 10 anos (0,8 ppb).

O relatório da OMM é publicado no dia seguinte à divulgação de um outro estudo de uma agência da ONU, o Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente, segundo o qual as chances de conter o aquecimento climático em +2°Celsius no século XXI diminuiu sensivelmente.

Esses informes do PNUE e da OMM saem a poucos dias da Conferência Anual sobre o Clima em Varsóvia, na próxima semana.


domingo, 3 de novembro de 2013

Por que chove tão pouco no Nordeste?

As dramáticas secas da região acontecem por duas razões principais. Primeiro, os ventos que refrescam o sertão não conseguem trazer a umidade que causa chuvas nas áreas vizinhas, seja o litoral do Nordeste, o Sudeste do país ou a região amazônica. Segundo, o semi-árido quase não tem lagos e rios volumosos, que poderiam induzir a formação de aguaceiros locais. Alguns estudiosos ainda relacionam os períodos de estiagem com a ocorrência do El Niño, o fenômeno de aquecimento das águas do oceano Pacífico que bagunça todo o clima global. Por aqui, a hipótese é que o efeito enfraqueceria a brisa do Atlântico Sul, fazendo com que ainda menos umidade chegasse ao sertão nordestino. "Mas não parece haver relação direta entre as duas coisas. Um levantamento feito entre 1849 e 1985 mostra que, para 29 anos de El Niño, só 12 foram associados com secas na região", diz o pesquisador de clima José Antonio Marengo, do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE), de Cachoeira Paulista (SP).

O sertão nordestino realmente recebe pouca chuva, concentrada principalmente nos meses de abril e maio. O índice médio fica entre 500 e 800 milímetros por ano - só para comparar, uma cidade como Brasília costuma ter 1 500 milímetros de chuva anualmente. As secas mais graves, que acontecem quando o índice médio cai pela metade, aparecem em registros históricos desde o século 16 e são comuns. Calcula-se que a cada 100 anos há entre 18 e 20 anos de falta de chuvas. Até agora, o século 20 foi um dos mais áridos, registrando nada menos que 27 anos de estiagem. A seca mais longa começou em 1979. Na "terra ardendo qual fogueira de São João", 50% do gado morreu por falta d’água, a desnutrição explodiu e milhares de pessoas morreram de sede e fome. O verde da plantação só começou a brotar novamente com o retorno das chuvas cinco anos depois, em 1983.
Forno naturalVentos fracos não levam ao sertão a umidade das regiões vizinhas

1. UMIDADE LOCALIZADA

O clima quente e a umidade abundante fazem da Amazônia a região mais úmida do país. A área de clima equatorial é cortada por rios volumosos que facilitam as constantes tempestades. Esse tipo de aguaceiro, porém, não tem força para chegar ao sertão nordestino. No máximo, os ventos úmidos alcançam o oeste do Maranhão. No resto do estado, o clima e a vegetação refletem a transição entre a floresta equatorial e a caatinga do semi-árido

2. SOPRO DESNUTRIDO

No litoral nordestino, o índice de chuvas é maior por causa da umidade que vem do oceano Atlântico. O mesmo vento poderia levar água para o sertão, já que o semi-árido nordestino não é cercado por cadeias de montanhas que barrem os ventos úmidos. Entretanto, a brisa marítima não é forte o suficiente para provocar chuvas numa região maior que os 100 quilômetros da faixa costeira

3. FRIO BLOQUEADO

Nas regiões Sul e Sudeste, as frentes frias que nascem no sul da América abaixam a temperatura rapidamente no inverno e causam torós poderosos na primavera e no verão. Entretanto, por causas de mudanças na circulação atmosférica, essas massas de ar ficam "presas" no Sul, descarregando toda a chuva nessa área. As frentes frias quase nunca chegam ao Nordeste — as mais intensas atingem o sul da Bahia, mas são pouco freqüentes

4. PROCURAM-SE RIOS

A parte mais afetada pela falta de chuvas é o chamado Polígono das Secas, uma área de mais de 1 milhão de km2, espalhados por oito estados nordestinos (só o Maranhão fica fora) e pelo norte de Minas Gerais. Nessa região, onde vivem 27 milhões de pessoas, não há rios cauladosos ou grandes lagoas capazes de fornecer umidade para provocar chuvas locais.


Imagem: Internet