A Floresta Amazônica poderá sofrer uma redução de 70% da extensão da sua área ao fim do século, se houver um aumento da estação seca. A projeção consta do relatório completo do Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas (IPCC, na sigla em inglês), que foi divulgado na segunda-feira, 30 de setembro, na sequência do sumário para formuladores de políticas.
O material, com mais de mil páginas, traz com mais detalhes as bases físicas da ciência do clima e uma abordagem regional com projeções sobre como cada parte do planeta poderá ser afetada no futuro. O relatório lembra que no clima atual o crescimento intenso da floresta ocorre justamente durante a estação seca, quando a insolação é maior e há bastante água do período chuvoso armazenada nos aquíferos subterrâneos.
Há muitas incertezas ainda sobre como a mudança climática vai afetar a seca na região, mas simulações que consideram um cenário de aumento do período sem chuva observam essa redução dramática na vegetação.
O painel de cientistas alerta que o cenário poderá ficar ainda pior diante de um quadro de aumento do desmatamento, que tende a prolongar a estação seca.
"Condições assim aumentam a probabilidade de incêndios naturais que, combinados com queimadas provocadas por atividades humanas, pode minar a resiliência da florestas às mudanças climáticas", escrevem os autores.
O relatório afirma que é muito provável, com mais de 90% de chance, que a temperatura suba em toda a América do Sul, com o maior aquecimento projetado para o Sul da Amazônia. A projeção é de um aumento da temperatura média de 0,5°C (centro-sul) a 1,5°C (Norte, Nordeste e Centro-Oeste) no país até o fim do século no cenário mais otimista; e de 3°C (sul e litoral do Nordeste) a 7°C (Amazônia) no pior cenário.
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