domingo, 26 de julho de 2015

Até quando?


Cachoeira 2015- Salto S.P.

A cidade de Salto fica a 100 quilômetros de São Paulo, é cortada pelo rio Tietê e constantemente aparece nos noticiários por conta da espuma que aparece no leito do rio.

Ano passado a cidade foi uma das atingidas pela seca no estado, a pequena cachoeira estava quase seca e em uma das galerias que fica às margens do rio estava lotada de lixo. Hoje o rio está com o dobro da vazão de água do ano passado, mas essa é a única boa notícia. 

Cachoeira 2014 - Salto S.P.
Um mutirão tentou ajudar ano passado, em dez dias de trabalho foram retiradas 18 toneladas de lixo que foram acumuladas nas margens do rio nas últimas décadas. Havia até mesmo um alto número de calçados, lembra? O problema é que um ano depois, espuma, água escura, o mau cheiro e o lixo continuam. Aliás, há muito lixo acumulado no local novamente.
Lixo encontrado nas margens do rio.

Além do esgoto lançado na água, há uma enorme quantidade de madeira, de garrafa pet, plástico, isopor, dentre outros detritos. Tem sujeira de todo tipo por lá e a pergunta que fica é: até quando?

Se não tem resposta, tem lamentação. É que acabou sobrando para eles, de novo: o pessoal da limpeza.

"É triste. O pessoal limpa e suja de novo. Aí não tem como ficar mantendo limpo direto”, lamenta o gari Élcio Oliveira.

"Se o povo cooperasse não vinha muito lixo. Mas tem muita gente que não está cooperando, joga na rua, entra na rede de esgoto”, diz outro Eduardo Bezerra, gari.
Rio Tietê em Pirapora do Bom Jesus - S.P.

E todo esse lixo vai parar no rio, como vai... Em um trecho de apenas um quilômetro em Pirapora do Bom Jesus o Tietê também está tomado de lixo. As garrafas pet boiam e o rio lá parece nem existir. A água corre por baixo de tudo.

Garrafas Pet cobrem o Rio Tietê em
Pirapora do Bom Jesus - S.P.
"O nosso receio é que em uma chuva forte, nas chuvas fortes, isso volte a se soltar de lá e vir acabar parando aqui. Então, vai ser muito mais serviço do que fizemos no ano passado e estamos fazendo agora”, afirma João de Conti Neto, secretário do Meio Ambiente de Salto.

E a sujeira já se tornou cenário tanto em Pirapora do Bom Jesus como em Salto, onde a cachoeira (aquela que está constantemente coberta de espume) é atração turística.

"Faz tempo que já está assim. Eu venho aqui desde criança e está sempre assim", afirma Arnaldo Barbosa, vigilante.

Só os mais velhos tiveram o privilégio de conhecer o Tietê do jeito que as crianças gostariam de ver.

"Há uns 30 anos ele era bonito, menos poluído, menos sujeira, o pessoal pescava. Até eu já comi peixe daqui! Quem sabe um dia nossos netos e bisnetos ainda vão ver o Tietê limpo." Diz a moradora Dalva Aparecida de Jesus

A prefeitura de Pirapora do Bom Jesus informou que vem cobrando da Sabesp e da Cetesb uma solução para o problema.

A prefeitura de Salto informou que vai acionar o Ministério Público para cobrar a limpeza nas cidades por onde o rio passa.

A Secretaria Estadual do Meio Ambiente de São Paulo declarou que as prefeituras são responsáveis pelo serviço.

Fonte: http://g1.globo.com/jornal-nacional/noticia/2015/07/lixo-volta-se-acumular-apos-um-ano-da-limpeza-no-rio-tiete-em-sp.html

sábado, 11 de julho de 2015

O fim da Pororoca


Pororoca no rio Araguari
 Há muito tempo pesquisadores e ativistas de todo o mundo tem alertado sobre a importância da preservação do meio ambiente e como a ação humana tem modificado e impactado negativamente o planeta. Acontece que muitos humanos não acreditam nessas pesquisas e nos avisos que especialistas tem feito, o ser humano é do tipo que precisa ver para crer que essas mudanças irão, de fato, acontecer. Algumas delas já estão ocorrendo.


Uma alteração provocada pelo homem que ocasionou uma mudança extremamente visível é o desaparecimento da pororoca. Isso mesmo, o fenômeno natural que já atraiu gente do mundo inteiro para o Norte do Brasil não existe mais, o encontro de águas do rio Araguari com o Oceano Atlântico perdeu o encanto no Amapá. O motivo? O nível do rio está muito baixo.

Imagem aérea atual do rio Araguari

Pelas imagens aéreas é possível ver como está a foz do rio Araguari, já bem próximo do oceano. No lugar onde corria o rio capaz de formar uma das mais belas ondas do mundo, finas lâminas d'água cobrem o leito quase todo à mostra.

Mapa de localização do rio Araguari

O rio Araguari nasce no norte do Amapá e corta sete municípios até a costa leste do estado e ficou famoso por causa da pororoca, o fenômeno natural produzido pelo encontro das correntes fluviais com a maré do Oceano Atlântico. Rio e mar se confrontavam, criando uma onda extensa que percorria mais de dez quilômetros. Surfistas de todo o mundo desembarcavam no Amapá em busca da onda perfeita.
Surfistas na Pororoca

Segundo o Instituto Chico Mendes, a atividade pecuária, principalmente a criação de búfalos, criou valas e canais que drenaram o curso d'água.

A Federação de Pecuária do Amapá alega que outros fatores devem ser considerados pra explicar o fim da pororoca. "Por causa da pecuária? E por que nós não incluímos também aí a questão, por exemplo, das hidrelétricas", diz o presidente da entidade, Iraçu Colares.

A região não perdeu apenas um espetáculo da natureza, mas um importante meio de locomoção, escolas precisaram ser fechadas, pois não é mais possível navegar em alguns trechos do rio. A água, fonte de alimentação, também sofreu alteração,"a água pra gente se alimentar ficou difícil, ficou muito barrenta, ficou fraco de peixe, muito fraco", diz o vaqueiro Dalmir Silva.

Nesse ponto a profundidade do rio chegava a seis metros.

A partir de um determinado ponto, nenhum tipo de embarcação passa mais, por menor que seja. A profundidade do rio era de cinco, seis metros há 20 quilômetros da foz, onde ele desaguava e formava a pororoca e todo esse percurso era navegável. Agora, a vegetação está começando a cercar a área. O rio fechou de vez e o mato está tomando conta do lugar onde antes era só água.

"É um processo difícil de reverter. Teria que ser investido muita pesquisa e recurso financeiro pra poder fechar esses canais e o rio voltar a ter força de novo", afirma a chefe da Reserva do Lago Piratuba, Patricia Pinha.

Patricia Pinha - Ao fundo é possível ver como o rio está seco.

"Todos os danos ambientais apurados devem ser imputados a esses criadores e, eventualmente, até mesmo ao estado, que colaborou para o dano ambiental sendo omisso", diz o procurador do MPF Thiago Cunha.

O governo do Amapá anunciou que um grupo vai estudar as causas do fim do fenômeno.



No link acima é possível assistir a reportagem com entrevistas e imagens do local.