Fala galera!
Conversei com o engenheiro agrônomo e apicultor João Gilberto Madureira sobre as abelhas no Brasil, ele me contou um pouco sobre suas espécies, história, o que está causando seu desaparecimento e o que fazer caso uma abelha resolva se instalar em seu jardim.
A entrevista segue abaixo, é curta e bem interessante, vale a pena ler! Aproveitem!
Laura B. Paiva: Quantas espécies de abelhas existem no planeta?
João Gilberto Madureira: São milhares de espécies pelo planeta, cada bioma é formado por seus polinizadores específicos.
LBP: E no Brasil, quantas espécies existes? Ou quais as principais?
JGM: No Brasil temos as melipônicas ou ASF (abelhas sem
ferrão) que são nativas do nosso continente e são polinizadoras do nosso bioma
original. São muitas espécies também e várias são nossas conhecidas como a Arapuá,
Mandaguari, Jataí, Irai e centenas de outras. Muitas produzem ótimo mel
considerado medicinal... Temos por aqui também as abelhas melíferas que foram
inicialmente trazidas da Europa pelos jesuítas para fazerem cera para velas e
foram elas as iniciadoras da nossa apicultura propriamente dita. Existiam ate
meados dos anos 60 espécies europeias puras como as carniças, italianas, e
abelhas do reino. Em meados de 1960 um pesquisador da USP de Piracicaba-SP,
com o intuito de melhorar nossa produção foi à África e trouxe algumas rainhas
que pretendia multiplicar e distribuir a apicultores, estas fugiram e
iniciaram a mistura que temos hoje que é uma abelha africanizada, mistura das
europeias com africanas, hoje já reconhecidas como espécie Brasileira e também protegida pelo IBAMA!
LBP: Houvi falar sobre uma invasão de abelhas africanas no país, como foi?
JGM: Esta foi na verdade a invasão de africanas a qual você se refere (o cruzamento entre abelhas europeias e africanas da questão anterior) e o impacto imediato desta invasão foi a quase aniquilação de nossa apicultura devido à agressividade destas abelhas e a falta de manejo conhecido para resolver o problema. Foram inúmeros ataques e mortes tanto de pessoas como animais.
Hoje em dia a espécie resultante dos cruzamentos naturais já não é tão agressiva e hoje temos conhecimento e manejo para lidar com elas. Elas são mais europeias no sul e sudeste do país e mais africanas nos estados mais quentes do Norte-nordeste.
LBP: E o que está contribuindo para o desaparecimento das abelhas no país?
JGM: A diminuição
das abelhas por aqui se da pelo uso indiscriminado de agrotóxicos, aliás, somos
campeões mundiais no uso e abuso deles. Os que estão fazendo o maior estrago
são os nicotinóides e neo-nicotinóides, inseticidas novos que acabam com
polinizadores... Um horror! O fipronil também aniquila insetos que vivem em colônias. Eficiência
impressionante. É o apocalipse! As regiões que são mais afetadas são as mais
desenvolvidas na agricultura com uso de agrotóxicos sem medida de controle e a
devida precaução!
LBP: E o que fazer se uma abelha resolve se mudar com sua família para o seu jardim? Muitas pessoas tem dúvidas em relação a isso.
JGM: Se abelhas pousam em seu jardim e iniciam uma colmeia ou já estão instaladas por lá chame alguém que tenha competência para tal como corpo de bombeiros, um apicultor, SOS abelha, etc. Elas são protegidas pelo IBAMA como os demais polinizadores.
E João Gilberto termina com um alerta: Sem nossos polinizadores corremos o risco de morrer de fome num futuro próximo e os caminhos são: preservação dos biomas e uma agricultura mais limpa. A curto prazo uma proibição de certos inseticidas assim como uma maior e melhor fiscalização da ANVISA!!!
Obrigada mais uma vez João Gilberto Madureira pela atenção!
E lembrem-se: Vamos proteger nossos polinizadores! Qualquer dúvida mandem e-mails para isfbrazilinaction@gmail.com
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