Sete cidades em estado de alerta, oito em estado de emergência e uma em estado de calamidade pública, assim está o estado do Amazonas.
São 24 os municípios amazonenses que estão enfrentando a cheia e apresentam situações de anormalidade. O Governo do Amazonas homologou a Situação de Emergência ontem (13/03), para os municípios de: Manicoré, Novo Aripuanã, Borba e Nova Olinda do Norte, da Calha do Madeira, como medida preventiva e de socorro, além desses municípios, já decretaram Situação de Emergência: Guajará, Ipixuna e Envira (calha do Juruá); Boca do Acre, Pauiní, Canutama, Lábrea (calha do Purus); e Apuí (calha do Madeira/ rio Aripuanã). O Município de Humaitá está em Calamidade Pública, e já obteve o reconhecimento Estadual e Federal, o município decretou Emergência em 26 de fevereiro de 2014.
O município de Humaitá enfrenta o desabastecimento de gás, energia, combustível e diversos itens da cesta básica. O nível do rio Madeira vinha subindo uma média de seis centímetros por dia, a cota do rio em 13 de março de 2014, foi de em 25,01 centímetros, sendo a maior cota já registrada na historia da região, e a previsão da precipitação deve se manter acima do normal climatológico até a ultima semana de março, segundo estudos do CEMOA (Centro de Estudos de Monitoramento e Observações ambientais do Subcomando).
Dois municípios estão em Alerta: Eirunepé e Autazes, nove municípios estão em Situação de Atenção: Parintins, Barreirinha, São Sebastião do Atumã, Nhamunda, Urucará, Boa Vista do Ramos, Maués, Itacoatiara e Urucurituba. A quantidade de pessoas afetadas chega a 66.754, sendo 13.349 famílias afetadas.
O governo do estado do Amazonas, por meio do Subcomadec (Subcomando de Ações de Proteção e Defesa Civil do Amazonas), já enviou aos municípios afetados pela cheia, cerca de 150 toneladas de alimentos não perecíveis, que são transportados por meio de embarcações e aeronaves. 20mil Kits de higiene, cinco mil kits de dormitório (colchões, rede, lençóis, travesseiros e cobertores), 50 mil litros de água mineral, 10 kits com 19 itens de medicamentos, enviados pela Secretaria de Saúde do Estado (SUSAM), 200 caixas de hipoclorito de sódio, 50 barracas de campanha para os desabrigados, além do suporte de combustível, Gás e transporte para logística.
O secretario de Defesa Civil do estado, Coronel Roberto Rocha, pede muita cautela para a população que deseja fazer algum tipo de doação e alerta os doadores, “Para as pessoas que querem colaborar com a Defesa Civil, eu peço que elas busquem orientação junto às coordenadorias de Defesa Civil do Município ou do Estado, pois o prazo de validade não das doações de alimentos não pode ser menor que seis meses, o alimento perecível é totalmente inviável, pois é impróprio para armazenamento. Em Gujará, município da calha do Juruá, por exemplo, em época de normalidade, uma embarcação demora cerca de 25 dias, caso alguém queira fazer alguma doação de roupas, fiquem atentos para a qualidade e higiene do produto”, finalizou o secretario.
A Equipe técnica da Defesa Civil do Estado foi enviada na manhã do dia 12 de março para os municípios de Labreá, Pauiní e Canutama, eles estão fazendo a avaliação de necessidades e danos causados pelo desastre. Os municípios afetados recebem a assessoria da secretaria estadual, além de acompanhamento e coordenação para o enfrentamento ao desastre. Os cursos de capacitação para agentes de defesa civil no estado continuam suspensos até o retorno da normalidade na região. (Informações da assessoria de comunicação.)
Segundo o presidente da AAM e prefeito de Boca do Acre, Iran Lima, a exemplo dos anos anteriores, em 2014 o auxílio e as ações humanitárias de saúde, transporte e infraestrutura do governo estadual chegaram antes de ajuda federal. “Com as constantes perdas em repasses federais é o Estado que está nos auxiliando no atendimento imediato das demandas da população. Sem este apoio, a situação estaria muito pior”. Ele disse que no ano passado apenas três das 45 cidades amazonenses em estado de emergência foram atendidos pela Defesa Civil Nacional.
A cheia do Rio Madeira tem causado estragos também em Rondônia. No principal centro comercial de Porto Velho, restaurantes, supermercados, farmácias, postos de gasolina estão submersos há pelo menos 40 dias. Quinze ruas estão interditadas e oito bairros foram afetados.
No local onde funcionava o shopping popular, a água já está quase no telhado e as atividades tiveram que ser suspensas. Muitos comerciantes perderam tudo que tinham.
A Receita Federal ficou fechada uma semana e só voltou a funcionar depois que o serviço foi transferido para outro local. Os prédios da Justiça Federal e do Tribunal Regional Eleitoral também estão ilhados.
Só em Porto Velho 12.500 pessoas foram afetadas pela cheia histórica do Rio Madeira. Com medo de terem saques, algumas pessoas ainda resistem em deixar suas casas.
A boa notícia é que nesta sexta-feira (14), depois de 30 dias crescendo sem parar, o Rio Madeira finalmente deixou de subir. Atualmente ele está em 19,8 metros, mesmo nível desta quinta-feira (13).
Mas a situação nas rodovias continua grave. A BR-364 que liga Rondônia ao Acre tem vários trechos alagados. Os caminhoneiros precisam de muito cuidado para não sair da estrada.
Os automóveis só passam com ajuda de caminhões guincho, que cobram, R$ 50 para atravessar um trecho de apenas três quilômetros. A situação ameaça o ritmo das obras na hidroelétrica de Jirau.
Três mil e quinhentos trabalhadores da usina de Jirau passavam pela BR quatro vezes por semana. Mas por causa da situação da rodovia, os fiscais e auditores do trabalho proibiram circulação dos ônibus que fazem o transporte dos funcionários. Toda semana, 50 ônibus faziam o percurso de cem quilômetros até a usina.
“Cabe às usinas providenciar um outro meio para que os trabalhadores possam chegar. Se nenhum trabalhador poderá ficar sem receber salario por causa disso”, fala o procurador do Trabalho-RO, Bernardo Mata Schuch.
O consórcio Energia Sustentável do Brasil, responsável pela construção da Hidrelétrica de Jirau, considerou arbitrária a decisão da Superintendência do Trabalho de Rondônia e informou que está estudando medidas judiciais para reverter a decisão de proibir o transporte dos trabalhadores por ônibus, de Porto Velho até o canteiro de obras.
Nenhum comentário:
Postar um comentário