sexta-feira, 23 de janeiro de 2015

Nível de água nas represas brasileiras é preocupante e faz o governo falar em racionamento.




A água nos reservatórios para a geração de eletricidade chegou a níveis preocupantes. Pela primeira vez o governo admitiu que pode implantar o racionamento de energia. 

O que fez o governo admitir que poderá haver racionamento é o fato de que o nível das represas das regiões que produzem a maior parte da eletricidade consumida no Brasil está 39% menor do que em 2001, ano em que o Brasil sofreu um apagão.

"Nós temos energia para abastecer o Brasil. É obvio que se nós tivermos mais falta de água, se nós passarmos do limite prudencial de 10% nos nossos reservatórios, aí estamos diante de um cenário que nunca foi previsto em nenhuma modelagem. A partir daí nós teríamos problemas graves, mas nós estamos longe disso", fala o ministro de Minas e Energia, Eduardo Braga.


Segundo o ONS, a situação só é tranquila no Sul. Em todas as outras regiões, o nível das represas hoje é muito menor do que no ano passado. No Sudeste e Centro-Oeste, que produzem 70% da energia do país, o volume d’água caiu para menos da metade. Represas importantes como Furnas, Nova Ponte e Três Marias, estão com pouco mais de 10% de sua capacidade, nível que o ministro das Minas e Energia chamou de limite mínimo.

"Nós já estamos num processo que podemos chamar de apagão. Essa é a nossa situação. A situação é muito crítica. O período chuvoso vai chegar ao fim sem recuperação dos reservatórios e a partir daí nós vamos ter uma crise no fornecimento de energia elétrica", diz o professor de engenharia hidráulica da UFMG, Carlos Barreira.

Segundo o ONS, em 2001 quando o Brasil teve de racionar energia, o nível das represas do Sudeste e Centro-Oeste estava em 28%. Hoje ele está com 40% a menos.

Naquela época, o brasileiro teve que mudar seus hábitos para reduzir o consumo. Os banhos ficaram curtos e de preferência fora do horário de pico. As donas de casa aprenderam a acumular a roupa antes de lavar e de passar. Agora, o brasileiro precisa retomar esses cuidados.

A usina da represa de Paraibuna, no interior de São Paulo, parou de funcionar ontem (22), porque o nível de água da represa chegou a 0%, a usina está usando o chamado volume morto. Em seu estado normal de funcionamento, a usina gera 85 megawatts de energia, suficiente para abastecer uma cidade com 127 mil residências.

A represa de Paraibuna, o maior reservatório do Rio Paraíba do Sul, atingiu o menor volume desde que foi criada, em 1970.

Toda a água que ainda é possível ver é do chamado volume morto, que equivale a 46% do total do reservatório. Uma quantia que só é usada em casos extremos, como agora, mas que não deve durar muito tempo.

"A previsão mais favorável do cenário mais favorável, feita pela ONS, é que em dezembro de 2015 este volume morto estaria esgotado", fala Luís Roberto Barreti, do Comitê de bacias do Rio Paraíba.

A tulipa é uma estrutura de concreto usada para escoar a água quando a represa está com 100% da capacidade. A última vez que isso aconteceu foi em 2010. Hoje ela está completamente fora da água. Desde a última vez que a água verteu pela tulipa, há cinco anos, a situação em Paraibuna só piorou.
Tulipa em 2010.
Tulipa atualmente.
No gráfico é possível ver como o nível da represa caiu nos últimos anos:


A bacia do Paraíba abastece 184 cidades em três estados: São Paulo, Rio de Janeiro e Minas Gerais. Para evitar que falte, a água é reservada em represas, ao longo da bacia.

Divisão das cidades abastecidas pela bacia do Paraíba.
A represa de Santa Branca, um dos três reservatórios do Rio Paraíba no estado de São Paulo, está hoje com apenas 0,6% da capacidade, a água nem chega perto das comportas da usina que tem na represa e o volume morto dela é 15 vezes meno que o de Paraibuna.

Além de Paraibuna e Santa Branca, o Rio Paraíba recebe águas da represa de Jaguari, que está com menos de 2% da capacidade (1,93%).

Em entrevista, hoje cedo, ao Bom Dia Rio, o secretário estadual do Ambiente do Rio, André Correa, não descartou a possibilidade de racionamento de água no estado. "Nós vivemos um momento crítico, nós vivemos o pior momento dos últimos 84 anos ou a gente tem essa consciência coletiva ou a gente não descarta nenhum possibilidade".

"A vantagem, se é que dá para dizer assim, é que esse período vai ser de grande ensinamento para população. Nós temos que aprender com isso a usar melhor os recursos que a gente tem, para a gente ter no futuro", avisa Barreti.

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