Há anos se fala sobre o desmatamento na Amazônia, mas nunca se viu um relatório tão completo sobre a importância desse bioma para o mundo, em especial para o Brasil.
As estradas abertas na floresta com a desculpa de permitir a colonização facilitaram o acesso de exploradores que em nome da ganância derrubam em menos de um minuto uma árvore que demora mais de cem anos para crescer. O que é feito com a madeira? Nada!
O objetivo desse tipo de desmatamento é derrubar tudo, tocar fogo e transformar a área em pastagem para a criação de gado. Grileiros furtam a terra da União e desmatam vários pontos embaixo da floresta dificultando a observação do satélite. O resultado? 20% das árvores da Amazônia original já foram derrubadas. As clareiras que ficam somam uma área maior que os países da França e Alemanha juntos.
O que pode parecer um problema local que atinge apenas mata e animais, na verdade afeta uma região muito maior.
Nascentes secas, represas com menos de 10% da capacidade de água localizadas no interior do estado de São Paulo, há 2 mil quilômetros de distância da floresta estão agonizando por conta do desmatamento.
O relatório sobre o futuro climático da Amazônia, realizado em parceria pelo INPE e INPA que reúne mais de 200 estudos e será apresentado na Conferência Sobre O Clima, em Lima, no Peru no final do ano apresenta um estudo minucioso sobre o roteiro das chuvas na América do Sul.
De acordo com esse relatório, nos últimos 400 milhões de anos a umidade que evapora dos oceanos é empurrada naturalmente para os continentes através dos ventos, uma parte vira chuva e cai, principalmente nas florestas na altura do Equador, o excesso de umidade atravessa os continentes e segue para o mar. Em toda a Terra esse ciclo só tem uma excessão: a Amazônia.
Essa diferença se dá pela Cordilheira dos Andes, um paredão de 7 mil metros de altura que impede que as nuvens atravessem o continente e se percam no pacífico. As nuvens esbarram na Cordilheira e são empurradas para o sul. É por isso que a América do Sul é o único continente que não tem um deserto nessa linha logo abaixo do equador.
As árvores são as grandes responsáveis pela grande quantidade de água da região, suas raízes estão fincadas a até de 20 ou 30 metros de profundidade, assim elas sugam a água do solo, usam seus troncos como tubos e liberam a água através da “transpiração” das folhas.
Cada árvore amazônica bombeia em média 500 litros de água, a Amazônia inteira é responsável por levar diariamente 20 bilhões de toneladas de água do solo até a atmosfera, 3 bilhões de toneladas a mais que a vazão do Rio Amazonas, o maior rio do mundo.
Exemplo prático: Se você tivesse uma chaleira elétrica gigante ligada na tomada você precisaria que a Itaipu, maior usina hidrelétrica do mundo em potência funcionasse 145 anos para evaporar a mesma quantidade de água que a Amazônia evapora em apenas um dia. Para realizar o trabalho silencioso da Amazônia nós precisaríamos de 50 mil usinas como Itaipu.
Apesar de os números de desmatamento terem caído nas últimas duas décadas isso não é o suficiente, segundo os cientistas não basta zerar o desmatamento, é preciso reflorestar antes que seja tarde demais.
"Existe um fato simples: se você tira floresta, você tira fonte de umidade, muda o clima. E nós tiramos floresta. Isso foi o que a gente fez nos últimos 40 anos. O clima é um juiz que sabe contar árvores, que não esquece e não perdoa" Antônio Nomes.
Para assistir as imagens do relatório na íntegra acesse: http://g1.globo.com/fantastico/noticia/2014/08/falta-dagua-em-cidades-tem-ver-com-devastacao-desenfreada-da-amazonia.html
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