sábado, 10 de maio de 2014

Parque Nacional do Iguaçu pode entrar na lista de patrimônio natural ameaçado da Unesco


A Unesco divulgou um relatório em que alerta para o risco do Parque Nacional do Iguaçu, no Paraná, entrar para a lista de patrimônio natural ameaçado.

O relatório relaciona dois grandes riscos à preservação. O primeiro é a construção da usina hidrelétrica do Baixo Iguaçu, a 500 metros dos limites do parque.

A usina deve ficar pronta em 2016 e vai gerar energia para um milhão de consumidores. De acordo com o consórcio responsável pela obra, o projeto respeita as leis ambientais.

Outro risco visto pela Unesco é a reabertura da Estrada do Colono. O trecho, de 17 km, fica dentro do parque nacional e está fechado desde 2001. A estrada encurta a distância entre duas regiões agrícolas.

Um projeto de lei do deputado Assis do Couto, do PT, para a reabertura da estrada está no Senado, mas sem previsão para ir à votação.

"Será feito um estudo de impacto ambiental porque, se mais algumas questões de engenharia forem necessárias para a proteção da unidade de conservação, será também determinado pelo estudo de impacto ambiental antes da edificação da estrada. Então, é uma estrada ecológica", argumenta Assis do Couto, deputado federal (PT/PR) e autor do projeto de reabertura.

Na sexta-feira (9), ambientalistas sobrevoaram o Parque Nacional do Iguaçu para avaliar o estágio das obras da usina. Na região da Estrada do Colono, eles puderam ver sinais de recuperação da mata.

No relatório, a Unesco pede que o governo brasileiro mantenha a estrada fechada e quer informações sobre o impacto ambiental da usina.

A Unesco deu um prazo ao Brasil. Se, até 2015, o país não seguir as recomendações e esclarecer as dúvidas necessárias, o Parque Nacional do Iguaçu pode perder um de seus principais títulos: o de patrimônio natural da humanidade.

"Se o Brasil deixar que a sua mais importante ‘catarata’ entre numa lista vermelha, será uma vergonha. Dizer que nós não temos capacidade de cuidar de um espaço tão pequeno, em um país tão grande e que tem tantos recursos", defende Maria Cecília Wey de Brito, secretária-geral da WWF Brasil.

O Instituto Chico Mendes de Conservação e Biodiversidade (ICMBIO), responsável pela fiscalização e pelo monitoramento de parques, divulgou nota em que informa que é contra o projeto, por entender que a reabertura da Estrada do Colono compromete a integridade dos recursos da área, que tem importância global por causa da sua diversidade biológica.

O instituto informa ainda que, junto com o Ministério do Meio Ambiente, atua para que o projeto não seja aprovado.

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