domingo, 21 de junho de 2015

Principais aquíferos do mundo estão ficando sem água


Todos sabemos que é preciso água para existir vida, apesar da enorme quantidade de água existente no planeta, apenas uma pequena parte dela é doce (2,5%) e como boa parte está em forma de gelo nas calotas polares, em glaciares ou em enormes e profundos depósitos subterrâneos, conhecidos como aquíferos confinados, durante milênios, a Humanidade dependeu quase exclusivamente de lagos e rios, que respondem por apenas cerca de 0,0072% de toda a água existente no mundo e de poços rasos que alcançam apenas os lençóis freáticos (ou aquíferos não confinados).

Nas últimas décadas os aquíferos confinados que eram praticamente inacessíveis devido a sua profundidade começaram a ser utilizados para suprir algumas necessidades que vão desde a irrigação até matar a sede da população que cresce mais a cada dia. O problema é que o ritmo da retirada de água desses locais é maior que o de reposição natural, sendo assim essas fontes estão começando a secar colocando em risco a vida no planeta.

Segundo dados fornecidos pelo satélite Grace, da Nasa 21 dos 37 maiores lençóis freáticos apresentam redução alarmante, sendo que 13 deles estão em situação de grande "estresse", ou risco. Para piorar não existem dados que permitam calcular qual o tamanho real desses reservatórios, o que torna impossível saber quando eles vão se esgotar.

A situação é bem crítica mesmo — diz Jay Famiglietti, professor da Universidade da Califórnia em Irvine, nos EUA, e líder de ambos os estudos, publicados nesta quarta-feira no periódico científico “Water Resources Research”. — As medições físicas e químicas disponíveis são simplesmente insuficientes (para saber o volume total dos aquíferos). E dada forma rápida como estamos consumindo as reservas aquíferas do mundo, precisamos de um esforço global coordenado para determinar quanto de água ainda temos nelas.


Segundo os dados do Grace, os aquíferos em pior situação estão localizados nas regiões mais vulneráveis e populosas do globo, como Península Arábica, Noroeste da Índia, Paquistão, e o Norte da África. O satélite analisou ainda territórios como Estados Unidos, China e França.

O reservatório que registrou pior situação foi o Aquífero Árabe, que além de sofrer uma redução drástica não apresenta sinais de reabastecimento. O lençol é responsável por fornecer recursos para mais de 60 milhões de pessoas. Em segundo lugar, ficou a Bacia Indú, na Índia; e, em terceiro, a Bacia Murzuk-Djado na Líbia e no Níger.

A degradação dos reservatórios está relacionada ao crescimento da população mundial, assim como às atividades da agricultura, da indústria e da mineração. Estima-se que aproximadamente 35% de toda água utilizada no mundo seja proveniente dos lençóis freáticos.

Nos Estados Unidos, o lençol mais problemático foi o aquífero do Vale Central da Califórnia, que está sendo utilizado para irrigar plantações agrícolas devido à seca. Em 2014, o Estado americano instituiu as primeiras leis relacionadas à regulação dos lençóis freáticos, mas estima-se que em apenas duas décadas a legislação terá pleno efeito.

No Brasil, as bacias da Amazônia e do Maranhão, que incluem o grande aquífero confinado de Alter do Chão, parecem ter ganho volume entre 2003 e 2013, enquanto no também confinado aquífero Guarani, apontado como um dos maiores do tipo na Terra e que se estende para além das fronteiras do país, (abrange também Uruguai, Paraguai e Argentina) a redução do volume teria sido mínima no período. Mas esta situação pode piorar drasticamente, pois cogita-se usar a água do Guarani para enfrentar a crise hídrica provocada pela seca dos últimos anos na Região Sudeste, em especial em São Paulo, onde o sistema de abastecimento por águas superficiais, como o Cantareira, está à beira do colapso.


Imagem: UOL

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