Pororoca no rio Araguari |
Há muito tempo pesquisadores e ativistas de todo o mundo tem alertado sobre a importância da preservação do meio ambiente e como a ação humana tem modificado e impactado negativamente o planeta. Acontece que muitos humanos não acreditam nessas pesquisas e nos avisos que especialistas tem feito, o ser humano é do tipo que precisa ver para crer que essas mudanças irão, de fato, acontecer. Algumas delas já estão ocorrendo.
Uma alteração provocada pelo homem que ocasionou uma mudança extremamente visível é o desaparecimento da pororoca. Isso mesmo, o fenômeno natural que já atraiu gente do mundo inteiro para o Norte do Brasil não existe mais, o encontro de águas do rio Araguari com o Oceano Atlântico perdeu o encanto no Amapá. O motivo? O nível do rio está muito baixo.
Imagem aérea atual do rio Araguari |
Pelas imagens aéreas é possível ver como está a foz do rio Araguari, já bem próximo do oceano. No lugar onde corria o rio capaz de formar uma das mais belas ondas do mundo, finas lâminas d'água cobrem o leito quase todo à mostra.
Mapa de localização do rio Araguari |
O rio Araguari nasce no norte do Amapá e corta sete municípios até a costa leste do estado e ficou famoso por causa da pororoca, o fenômeno natural produzido pelo encontro das correntes fluviais com a maré do Oceano Atlântico. Rio e mar se confrontavam, criando uma onda extensa que percorria mais de dez quilômetros. Surfistas de todo o mundo desembarcavam no Amapá em busca da onda perfeita.
Surfistas na Pororoca |
Segundo o Instituto Chico Mendes, a atividade pecuária, principalmente a criação de búfalos, criou valas e canais que drenaram o curso d'água.
A Federação de Pecuária do Amapá alega que outros fatores devem ser considerados pra explicar o fim da pororoca. "Por causa da pecuária? E por que nós não incluímos também aí a questão, por exemplo, das hidrelétricas", diz o presidente da entidade, Iraçu Colares.
A região não perdeu apenas um espetáculo da natureza, mas um importante meio de locomoção, escolas precisaram ser fechadas, pois não é mais possível navegar em alguns trechos do rio. A água, fonte de alimentação, também sofreu alteração,"a água pra gente se alimentar ficou difícil, ficou muito barrenta, ficou fraco de peixe, muito fraco", diz o vaqueiro Dalmir Silva.
Nesse ponto a profundidade do rio chegava a seis metros. |
A partir de um determinado ponto, nenhum tipo de embarcação passa mais, por menor que seja. A profundidade do rio era de cinco, seis metros há 20 quilômetros da foz, onde ele desaguava e formava a pororoca e todo esse percurso era navegável. Agora, a vegetação está começando a cercar a área. O rio fechou de vez e o mato está tomando conta do lugar onde antes era só água.
"É um processo difícil de reverter. Teria que ser investido muita pesquisa e recurso financeiro pra poder fechar esses canais e o rio voltar a ter força de novo", afirma a chefe da Reserva do Lago Piratuba, Patricia Pinha.
Patricia Pinha - Ao fundo é possível ver como o rio está seco. |
"Todos os danos ambientais apurados devem ser imputados a esses criadores e, eventualmente, até mesmo ao estado, que colaborou para o dano ambiental sendo omisso", diz o procurador do MPF Thiago Cunha.
O governo do Amapá anunciou que um grupo vai estudar as causas do fim do fenômeno.
No link acima é possível assistir a reportagem com entrevistas e imagens do local.
Nenhum comentário:
Postar um comentário